A salvaguarda do espólio arquitectónico e histórico de Abu Simbel foi a primeira campanha internacional
de protecção sob a égide da UNESCO e contou com a colaboração de 50 países
Não é de agora que a Humanidade sentiu no âmago a vontade e a importância de preservar o seu legado, a sua obra feita no presente e no passado e defendê-la, para que um dia as gerações do futuro pudessem testemunhar a história, a que se toca, e assim conhecer, por intermédio dos monumentos, do património erigido, muito daquilo que os antepassados foram e criaram:
"Os nossos antepassados sabiam talvez que os jardins de Kahore, as mesquitas do Cairo, a Catedral de Amiens e os hipogeus de Malta eram monumentos sumptuosos, raros, estranhos. Por vezes mostravam-se sensíveis ao esplendor de uma montanha, de um grande rio e até de uma selva povoada de animais selvagens e chegavam a admitir que estes elementos pudessem fazer o orgulho de um povo e testemunhar a nobreza da sua história ou que estes acidentes geográficos pudessem simbolizar uma nação, suas aventuras e suas desventuras. Mas não lhes teria ocorrido a ideia de que isso tivesse um «valor universal»" UNESCO[1]
De acordo com os registos históricos da UNESCO, a ideia de criar uma organização internacional que "batalhasse" pela preservação do património cultural bem como o património natural, surgiu no final da Primeira Guerra Mundial, por altura da Criação da Sociedade das Nações, organização que antecedeu a actual Nações Unidas. Apesar da vontade de vários estados-membros dessa extinta organização se sentirem sensibilizados para a criação de um organismo que tutelasse a preservação do património histórico-cultural universal, essa ideia não vingou, caindo lentamente no esquecimento.
O acontecimento que despertou o interesse internacional por esta problemática foi, afirma a UNESCO "a decisão de construir a barragem de Aswan, no Egipto, o qual inundaria o vale que contém os templos de Abu Simbel, um tesouro da antiga civilização egípcia. Em 1959, após um apelo dos governos do Egipto e do Sudão, a UNESCO decidiu lançar uma campanha internacional de protecção. A pesquisa arqueológica nas áreas a serem inundadas foi acelerada. Sobretudo, os templos de Abu Simbel e de Philae foram desmontados, movidos para terra seca e remontados" [2]. Esta campanha custou, segundo os mesmos registos, 80 milhões de dólares americanos, com metade desta quantia a ser doada por cerca de 50 países.
O sucesso desta iniciativa levou a novas campanhas em Veneza (Itália), Moenjodaro (Paquistão) e Borobodur (Indonésia), entre outras.
[1] UNESCO, Comissão Nacional (1992), O que é: A Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural. Lisboa: C.N. UNESCO, p. 3.
[2] UNESCO, World Heritage Centre (2005), Brief History. Extraído em 13 de Fevereiro de 2005 do sítio da UNESCO: http://whc.unesco.org/pg.cfm?cid=169. Trad.
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